Mesa-redonda: Migrações e Desenvolvimento - Redes para o Desenvolvimento

Mesa-redonda: Migrações e Desenvolvimento

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Migrações e Desenvolvimento: direitos humanos e questões securitárias em perspetiva foi o tema da mesa-redonda realizada, no dia 22 de fevereiro, no Palácio dos Marqueses da Praia e Monforte, em Loures.




A mesa-redonda, organizada pelo município de Loures, teve como objetivo a reflexão e discussão sobre os conceitos de refugiados e migrantes, no quadro do desenvolvimento das políticas europeias, nacionais e locais de acolhimento e integração.
A abrir a sessão esteve o presidente da Câmara Municipal de Loures, Bernardino Soares, que considerou ser um “momento importante para discutir a questão dos refugiados e migrantes, contextualizando-a, de modo a que seja entendida tal como ela é” e assim “afastar preconceitos, mentiras e acabar com o aproveitamento, para fins muito pouco sérios, da situação dramática que milhares de pessoas estão a viver”.
O presidente reforçou que o Município está “muito empenhado em contribuir para que o processo de integração dos refugiados seja o melhor possível”, relembrando que “não se podem confundir as questões da solidariedade, do direito ao acolhimento seguro e acompanhado com outras relativas à segurança, criminalidade ou ao terrorismo”.
Bernardino Soares recordou o facto de Loures ter um centro de acolhimento para refugiados, na Bobadela, “que há muitos anos acolhe dezenas de pessoas, sem que nunca tivesse havido algum problema. Podemos dizer hoje, e com muito orgulho, que o concelho de Loures tem 122 nacionalidades. O que significa ser um concelho mais rico, diverso e interessante”.









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Entender a crise dos refugiados

Pedro Calado, Alto-comissário para as Migrações, foi convidado a moderar o debate, adiantando, contudo, que Portugal “tem estado à altura do desafio, encontrando-se na linha da frente dos países que têm sabido responder à sua parte”. Para o Alto-comissário, “apesar de sermos pequenos, se todos fizessem a sua parte, poderíamos ajudar a mitigar este problema”.
Entre os oradores esteve o jornalista José Goulão, especialista em política internacional, sobretudo em questões do Médio Oriente. Para o jornalista, a Europa “está só a colher o que plantou”. “Estamos perante um drama humano e a Europa só olha para o próprio umbigo, continuando entretida a lamentar-se sem fazer o trabalho de casa”, referiu.
De acordo com José Goulão, a crise de refugiados está intimamente ligada “à forma desastrada como a União Europeia e os Estados Unidos tentaram impor a democracia em países como a Síria, o Iraque ou a Líbia. Já não há ditadura mas também já não há país, mas sim uma manta de retalhos com guerras sectárias. Democracia nem vê-la”.
Já Teresa Tito Morais, presidente do Conselho Português para os Refugiados, considera que a Europa se encontra a “navegar em águas difíceis”, dando a ideia “que perdeu o rumo” e onde os Estados “procuram soluções para resistir às questões que envolvem refugiados, formando um contexto que não é favorável à construção de políticas de asilo comum”.
Rui Marques, coordenador da Plataforma de Apoio aos Refugiados, fez questão de pedir aos participantes o exercício de se colocarem na pele dos refugiados, construindo, passo a passo, o cenário que, quem foge, tem de enfrentar. “Qualquer um de nós podia estar nesta situação”, referiu. “Esta não é uma crise só dos refugiados. Também é nossa. É o tempo em que definimos quem somos e que valores temos”.
Para Filipe Ferreira, vice-presidente do Conselho Português para a Paz e Cooperação, é necessário “ter consciência que estamos perante um problema real, muito maior do que aquilo que vemos” e que é importante “prestar ajuda imediata a todas estas pessoas que são iguais a nós, acabando com as razões pelas quais elas fogem”. “É preciso ir à fonte dos problemas para não termos de lidar com esta tragédia humana”.
Maria Eugénia Coelho, vereadora responsável pelo pelouro da Coesão Social, encerrou o debate, referindo que “podemos e devemos ser construtores da paz, exigindo ao poder político que respeite a condição humana”.




Redes para o Desenvolvimento
Esta mesa-redonda foi realizada no âmbito do projeto Redes para o Desenvolvimento: Educação Global para uma Cooperação mais Eficiente, contando com a colaboração do projeto AMITIE CODE, sendo ambos os projetos apoiados financeiramente pela União Europeia.
 
O projeto Redes para o Desenvolvimento tem como objetivo apoiar processos de diálogo construtivos e ativos nas comunidades e promover o cumprimento de compromissos de desenvolvimento internacional. A ideia é criar oportunidades para as comunidades e os cidadãos se envolverem em ações promovidas a nível local, através do seu acesso mais amplo a informação sobre assuntos globais de desenvolvimento.

O projeto AMITIE CODE – Migrações e Direitos Humanos: Partilhar a Construção do Desenvolvimento pretende reforçar a consciência dos cidadãos e das autoridades europeias para as questões relacionadas com as migrações, desenvolvimento e direitos humanos, numa altura em que as mesmas assumem um lugar de destaque no debate global.


 

 
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